Em 1869, o químico suíço Friedrich Mieschner encontrou, ao esmagar o núcleo de algumas células, uma substância diferente de todas as outras. Batizou-a de nucleína. Como não conseguiu descobrir para que servia, logo se desinteressou. Hoje se sabe que essa substância, o ácido desoxirribonucléico, mais conhecido pela sigla em inglês DNA, contém as instruções para a formação de todas as células de cada um dos seres vivos. Graças a ela, você é diferente do seu irmão, de um mosquito e de uma samambaia.
Quase um século se passou até que, em 1953, uma dupla de cientistas – o físico inglês Francis Crick, hoje com 85 anos, e o biólogo americano James Watson, de 71 anos – conseguiu mostrar exatamente como é o DNA e como ele se reproduz. A proeza foi o resultado de uma longa acumulação de novos conhecimentos, desde que o padre tcheco Gregor Mendel (1822-1884) descobriu, por meio do cruzamento entre diferentes espécies de ervilhas, os elementos hereditários hoje conhecidos como genes. Ele publicou suas conclusões numa revista científica, em 1866, mas ninguém notou sua importância até 1900. Naquele ano, numa coincidência notável, três cientistas que nem sequer se conheciam – o alemão Carl Correns (1864-1933), o austríaco Erich Tschermak (1871-1962) e o holandês Hugo de Vries (1848-1935) – obtiveram resultados similares e só então se deram conta da importância do trabalho de Mendel. Em 1909, o americano Thomas Morgan (1866-1945) descobriu os cromossomos e mostrou que os genes, enfileirados dentro deles, são os responsáveis pelos traços hereditários.
Os pesquisadores descobriram, nas décadas seguintes, que os genes são feitos de DNA e que estes, por sua vez, compõem-se de substâncias menores, os quatro nucleotídeos – representados pela bases nitrogenadas, adenina, guanina, citosina e timina. Estava aberto o caminho para a histórica descoberta de Watson e Crick. Com base em estudos do DNA feitos com raios X, os dois cientistas desvendaram a sua estrutura em forma de uma escada retorcida, que se divide ao meio, como um zíper, na hora de se reproduzir. Estava revelado o código da vida.
O vírus da Aids
Que já matou 14 milhões desde que foi percebida sua existência, em 1983, só foi identificado graças a uma descoberta feita pelo virologista americano David Baltimore, dezenove anos antes. Ele revelou, em 1964, o retrovírus. Essa criatura possui RNA como material genético, mas o converte em DNA assim que entra em alguma célula. Com isso, transforma as células que invade em aliados. Usando o achado de Baltimore, a Medicina desenvolve remédios cada vez mais eficazes contra a Aids.Linha de montagem
Cada uma das proteínas que formam o corpo humano é produzida a partir de instruções recebidas de um gene específico. Esse processo acontece no miolo das células.A substância que forma os genes dentro dos cromossomos, o DNA (ácido desoxirribonucléico) 1,é transformada em RNA (ácido ribonucléico) 2, que copia os genes como uma xerox. O RNA mensageiro 3, como ele passa a se chamar, atravessa a fronteira entre o núcleo e o citoplasma. Ali, os ribossomos 4 se encarregam de traduzir as mensagens genéticas, que se transformam numa cadeia de aminoácidos. Então, estes entram numa outra parte da célula, o retículo endosplasmático 5, e são convertidos nas proteínas que vão moldar o organismo e seu funcionamento.
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